domingo, 19 de junho de 2011

Anotações capítulo 6

LIBERDADE, PROPRIEDADE, FRATERNIDADE

Tópicos principais:

· Identificar a propriedade privada como um dos pilares da sociedade contemporânea;

· Identificar os processos de socialização para a reprodução das relações sociais.

Vale lembrar:

Na comparação com as chamadas comunidades primitivas, alguns teóricos chegaram a distinguir a “propriedade coletiva” da “propriedade fruto do trabalho pessoal” e a “propriedade dos meios de produção”. Existem diferenças entre as casas, canoas, hortas (propriedade coletiva), armas, utensílios de caça e caseiros (fruto do trabalho pessoal) e a posse da terra e dos recursos naturais como um todo.

Apesar de não haver consenso, muitos filósofos iluministas refletiram sobre a importância da propriedade. Alguns diziam que só poderia haver liberdade se o direito à propriedade fosse garantido, outros defendem que a propriedade é fonte de injustiças e que, o homem só pode ser livre se for igual aos demais, como afirmou Jean-Jacques Rousseau.

A questão da socialização.

Socialização diz respeito ao processo em que o indivíduo aprende a ser membro da sua sociedade, assimilando suas regras e valores. Na socialização primária, temos a maneira pela qual o mundo é apresentado à criança nas interações com os adultos (pais, escola). Ao longo da vida ocorrem outras tantas socializações secundárias, como profissionais, religiosas, políticas, etc.

O problema é que as socializações estão relacionadas ao poder das instituições sociais e todas as relações de dominação nelas presentes. Como vimos, a linguagem, a família e a propriedade privada são instituições que exercem coerções sobre os indivíduos. Aprendemos a ser, a viver, a gostar diante de determinadas regras e imposições que nos parecem “normais”, “naturais”.

Não nos cabe julgar o direito à propriedade, mas entendê-la como forma de socialização. E como muitas vezes os processos de socialização servem aos interesses dominantes, a propriedade privada também é usada para justificar desigualdades, injustiças. Mais uma vez vamos pensar no Brasil: o Estado, os governos, a Justiça estão presentes da mesma maneira para todos os cidadãos? Não existem grupos poderosos que acabam por consolidar privilégios em detrimento de muitos? Pessoas de diferentes classes sociais possuem as mesmas oportunidades?

Anotações capítulo 5

CASTAS, ESTAMENTOS E CLASSES SOCIAIS

Os assuntos deste capítulo são:

* Estratificação social - divisão da sociedade em camadas em que indivíduos são hierarquizados em categorias ditas superiores e inferiores;

* Alguns critérios de análise da estratificação social;

* A relação entre etnocentrismo e dominação.

Vale lembrar:

Nenhuma sociedade é homogênea e, por isso, existem diversos critérios para identificar a estratificação social. O sociólogo Max Weber distingue três dimensões da estrutura social: a “ordem econômica” (que diferencia os grupos de acordo com a posse de bens, recursos financeiros), a “ordem social” (referida a estamentos, o prestígio social e a influência de determinados grupos) e a “ordem política” (relacionada às formas de participação junto ao poder).

Outros estudiosos propuseram diferentes maneiras de identificar a estratificação social: renda, consumo, educação formal (escolaridade), capital cultural, etc.

É importante entender que, independente da maneira como os indivíduos se diferenciam em cada sociedade, a estratificação tem consequências, como a justificação de determinadas relações de dominação.

Assim como existe o etnocentrismo, uma visão de mundo que coloca a própria cultura como superior às demais, dentro de uma mesma sociedade as diferenças são usadas como fonte de preconceito.

No Brasil, que é um país extremamente desigual em diversos aspectos (renda, escolaridade, condições de vida, entre outros), essas relações ainda persistem. No cotidiano da “classe média alta” não é difícil identificar o preconceito contra negros, pobres, pessoas de diferentes regiões do país, etc. (lembrem do “tal João de Santo Cristo” que, “Não entendia como a vida funcionava/ Discriminação por causa da sua classe e sua cor”, da música Faroeste Caboclo da Legião Urbana).

Anotações capítulo 4

Como prometido, seguem algumas anotações sobre o capítulo 4.
IDENTIDADE, IGUALDADE E DIFERENÇA
Tópicos principais:
* Noções de Antropologia;
* Alguns conceitos de CULTURA
* Os termos: igualdade, diferença, identidade e diferença.

O que precisamos saber:

Muitas vezes nosso contato com o Outro – com o diferente – costuma se caracterizar pela curiosidade e pelo espanto. Isso ocorre porque, geralmente, julgamos a cultura alheia tendo a nossa como referência – como medida do que é “certo” ou “errado”. Esse é um dos problemas que impulsionou o surgimento da Antropologia, no século XIX. Pesquisadores passaram a se interessar pelo modo de vida, costumes, crenças e tradições de grupos sociais que viviam fora da Europa Ocidental na tentativa de formular uma “ciência do Homem”.

Nos estudos de Antropologia, a cultura, entendida como produção humana, possui grande importância. O termo “cultura” engloba os aspectos materiais que os grupos humanos produzem (tudo o que é necessário à sobrevivência), mas também os aspectos imateriais, como valores, crenças, “visão de mundo”.

Quando nos relacionamos com membros da nossa cultura ou de uma cultura semelhante à nossa, fala-se no termo “identidade”. Já quando há relação entre membros de culturas distintas, temos a “alteridade”.

Mesmo com diversas tentativas de padronização cultural, atualmente observamos a ação de diversos grupos na afirmação de sua identidade própria. Assim como a globalização não conseguiu igualar a cultura de todos os homens, muitos grupos lutam para defender seus direitos diante dos padrões culturais dominantes: gays, mulheres, negros, indígenas, etc.

Para finalizar, valem lembrar que, nas Ciências Sociais, os termos “maioria” e “minoria” não se reduzem a critérios numéricos. Segundo o sociólogo Émile Durkheim, existe um “princípio de normalidade” (que varia em cada cultura) em que grupos sociais de maior prestígio e força acabam por determinar comportamentos dominantes. Vamos pensar em um exemplo brasileiro: apesar de majoritariamente numérica, as mulheres ainda estão pouco representadas na política, em geral, não ocupam cargos de direção e grandes empresas e sofrem diversos tipos de discriminação.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

CORREÇÃO DAS ATIVIDADES DE SOCIOLOGIA - APOSTILA 1 (aulas 4, 5 e 6)

CORREÇÃO DAS ATIVIDADES DE SOCIOLOGIA - APOSTILA 1 (aulas 4, 5 e 6)

AULA 4

Exercícios
1. Entre as seis sarcásticas máximas de Brás Cubas, há uma que pode servir para ilustrar uma das discussões habituais entre os antropólogos. Que máxima é essa?
“Não se compreende que um botocudo fure o beiço para enfeitá-lo com um pedaço de pau. Esta reflexão é de um joalheiro.”

2. Essa máxima revela um preconceito cultural. Explique-o.
A referência aos grupos indígenas que usam enfeites de madeira em furos no lábio inferior mostra a incompetência do joalheiro em reconhecer a alteridade, ou seja, a ideia de que as culturas humanas são diferentes entre si. Talvez ele quisesse vender adereços de ouro ou prata a esses botocudos, o que nos faz pensar se esse preconceito cultural não esconderia, na verdade, um interesse econômico.

Tarefa mínima
1. Do ponto de vista numérico, os homens eleitores podem ser considerados ampla maioria no país? Justifique com dados estatísticos.
Não. O Quadro 2 mostra que, em 2000, o número de eleitores é praticamente o mesmo do de eleitoras, o que sugere igualdade numérica entre homens e mulheres no país.

2. De acordo com pesquisas de opinião, quem se sai melhor atuando em cargos públicos: homens ou mulheres? Justifique.

De acordo com o Quadro I, as mulheres são consideradas mais honestas, responsáveis, confiáveis, competentes, firmes e capazes do que os homens, quando ocupam cargos públicos.
3. De acordo com os conceitos antropológicos de maioria e minoria, como explicar o número tão pequeno de mulheres em posições de destaque na sociedade, como mostra o Quadro 3?

Embora as mulheres não sejam minoria do ponto de vista numérico, elas ainda o são no que diz respeito à capacidade de mobilizar-se socialmente, de fazer valerem suas reivindicações, de exigir o cumprimento dos seus direitos. É claro que isso ainda é resquício de uma sociedade machista, que impediu – e, em muitos casos, ainda impede – as mulheres de ter as mesmas
oportunidades do que os homens. Mas o fato é que, do ponto de vista científico, as mulheres são minoria, na medida em que seu poder de pressão social ainda é, injustamente, menor do que o dos homens.

Tarefa complementar
Há várias possibilidades de resposta. Pode-se pensar em que medida o conhecimento da realidade do outro (sem os habituais preconceitos) é necessário num país como o nosso, marcado pela diversidade cultural e pelas diferenças sociais (que, vale lembrar, são também raciais)? Em que medida a educação poderia participar desse processo? São válidas ações governamentais que tentam propor uma maneira de resolver o problema. A Leitura complementar também pode ajudar na discussão, fornecendo os elementos teóricos.

Leitura complementar
Em sua obra mais conhecida, Tristes Trópicos, Claude Lévi-Strauss comenta a paisagem que observou na estrada de Santos (SP). O trecho abaixo, que pode ser trabalhado como atividade extra, mostra uma tentativa de não julgar a realidade do outro segundo seus próprios valores:
"O viajante europeu fica desconcertado com essa paisagem que não se enquadra em nenhuma de suas categorias tradicionais. Ignoramos a natureza virgem, nossa paisagem é ostensivamente subjugada ao homem; às vezes, parece-nos selvagem, não porque o seja de fato, mas porque as trocas se produziram num ritmo mais lento (como na floresta), ou então – nas montanhas – porque os problemas surgidos eram tão complexos que o homem, em vez de dar-lhes uma resposta sistemática, reagiu no correr dos séculos por meio de uma profusão de diligências no nível dos detalhes; as soluções de conjunto que as resumem, jamais claramente desejadas ou pensadas como tais, lhe parecem, vistas de fora, ter um aspecto primitivo. São consideradas como uma autêntica selvageria da paisagem, conquanto resultem de um encadeamento de iniciativas e de decisões inconscientes".

AULA 5

Exercícios

1. Qual a situação desses dois moradores de rua em relação aos três critérios para a análise da estratificação social propostos por Weber?
Tanto na ordem econômica, quanto na social e na política, os dois moradores de rua podem ser considerados marginalizados. Isso porque eles praticamente não possuem bens (quando muito, têm duas mudas de roupa), não pertencem a nenhum estamento específico e não parecem vinculados a partidos políticos.

2. A partir da leitura dessa reportagem e de acordo com sua resposta na questão 1, o que se pode concluir sobre as classes sociais no Brasil?
No Brasil, ao mesmo tempo em que há pessoas morando em vãos de viadutos, há outras que dispõem de milhares de dólares para gastar em dez dias. Isso só mostra que há um abismo gigantesco entre as classes sociais privilegiadas e os marginalizados socialmente.

Tarefa mínima

1. De acordo com esse trecho, qual seria o objetivo do romance? Que classe social está sendo valorizada?
O objetivo do romance parece ser o de imortalizar os operários – isto é, a classe dos trabalhadores –, representar com dignidade essa multidão de miseráveis, dando- -lhes a voz que eles não tiveram no século XVIII.

2. Como explicar, sociologicamente, a passagem “enquanto não se acabar quem trabalhe, não se acabarão os trabalhos”?
Neste trecho, estabelece-se uma curiosa relação de causa e efeito entre os operários submissos (“quem trabalhe”) e a exploração (“os trabalhos”). O normal seria pensar que os trabalhos são a causa de haver trabalhadores, mas o narrador promove uma inversão, de maneira que, para ele, enquanto houver disposição para a exploração haverá quem explore. Assim, a culpa da exploração não seria exatamente dos exploradores, mas dos explorados, que não se revoltam contra sua condição.

Tarefa complementar

1. Em sua opinião, como se explica que um grupo minoritário consiga subjugar a maioria da população por tanto tempo, como ocorreu na África do Sul? (A Leitura Complementar poderá ajudá- lo a desenvolver sua resposta.)
Não há resposta fechada, mas há pelo menos dois posicionamentos possíveis diante da questão: um a favor da ideia de Weber (desenvolvida na Leitura Complementar) de que a dominação só existe porque os dominados assim o permitem, e outro contra ela. Para argumentar a favor dessa ideia, o aluno poderá lembrar que, assim que os dominados reagem à dominação, ela começa a ruir. Para argumentar contra, o aluno poderá dizer que, em geral, os dominadores detêm o poder econômico e político, o que dificulta muito a luta por liberdade, ainda mais quando a dominação está legalmente instituída, caso da África do Sul durante os anos de apartheid.

2. Embora o Brasil seja conhecido pelo multiculturalismo e pela miscigenação, sabe-se que nosso país figura entre os mais excludentes do mundo, a ponto de muitos já terem afirmado existir aqui uma espécie de apartheid social (que, de certa forma, é também racial). Você concorda com essa afirmação? Procure sustentar sua opinião com argumentos convincentes.
Novamente a resposta não está fechada e há dois posicionamentos “principais”: a favor da afirmação e contra ela. Certamente não faltarão argumentos ao aluno que se posicionar a favor da ideia. Ele poderá lembrar da injusta concentração de renda, da falta de acesso da população mais pobre a serviços básicos, como saúde, educação, transporte, e da dificuldade de se mudar essa situação (o que provaria que a exclusão já foi “incorporada” pela sociedade, embora não seja “oficial”). O aluno que se posicionar contra poderá dizer que justamente o fato de a exclusão não ser “oficial”, isto é, legitimada por leis, faz toda a diferença porque possibilita a luta das minorias excluídas por seus direitos, sem que tenham que pagar por isso com a própria vida.







AULA 6

Exercícios

1. O que esse ranking revela sobre a instituição social da propriedade privada?
Revela que a propriedade privada está a tal ponto enraizada na sociedade capitalista que a “liberdade econômica” de um país dependeria, diretamente, do respeito à propriedade privada.

O relatório anual do Fraser Institute respeita o direito que cada país tem de escolher a melhor forma de estruturar sua economia e sua sociedade? Por quê?
Não. O instituto canadense avalia a “liberdade econômica” a partir dos valores da sociedade globalizada, como se os países não tivessem possibilidade de optar por outros modos de organização socioeconômica. Dessa forma, desconsidera a hipótese de um país não valorizar a propriedade privada.

2. Calvin
Sobre a tirinha, leia as afirmações que seguem:
I. O humor da tira se deve, principalmente, ao absurdo da pergunta de Calvin – “Será que eu meto medo?” –, já que não há motivos para que uma criança seja vista como ameaça.
II. A tira ironiza o processo de socialização, por meio do qual um indivíduo absorve os valores de determinada sociedade, passando, enfim, a pertencer a ela.
III. O autor nos faz pensar criticamente sobre os valores que a sociedade capitalista tem passado às futuras gerações, dentre eles o consumismo desenfreado, o cinismo e a alienação.

Está correto o que se afirma em:
a) ( ) apenas I.
b) ( ) I, II e III.
c) ( ) apenas I e II.
d) ( X ) apenas II e III.
e) ( ) apenas I e III.
A afirmação I está incorreta, já que, no caso, Calvin está simbolizando todas as crianças de sua geração, educadas segundo princípios que nos fazem temer o futuro: afinal, o que elas farão quando chegarem ao poder? Assim, há motivos de sobra para que se tenha medo, não exatamente da personagem, mas do que ela representa. As demais afirmações estão corretas.

Tarefa mínima

1. De acordo com Rousseau, a propriedade privada surgiu de uma hora para outra na história da humanidade? Justifique sua resposta.
Não. Para Rousseau, a ideia de propriedade “não se formou repentinamente no espírito humano”, pois se originou “de muitas ideias anteriores que só poderiam ter nascido sucessivamente”.

2. Que avaliação o filósofo francês faz daqueles que aceitaram as imposições da propriedade privada, quando ela surgiu?
Uma avaliação negativa, uma vez que as pessoas são consideradas “suficientemente simples” para acreditar que alguém tinha o direito de cercar um terreno e dizer “isto é meu”. Para Rousseau, não ter aceitado essa nova situação nos teria poupado de inúmeros “crimes, guerras, assassínios, misérias e horrores”.


Tarefa complementar

Não há resposta fechada. A discussão proposta, a partir do texto de Proudhon, pode apresentar opções variadas de argumentação por parte dos alunos.

Alguns argumentos contrários às idéias de Proudhon:
• Até aqui os homens não conseguiram organizar satisfatoriamente a vida social e progredir, senão com base na propriedade privada.
• A propriedade privada é justa porque foi conquistada com trabalho e sacrifício pelos antepassados.
• A propriedade privada é boa porque estimula a concorrência de mercado, que é o maior incentivo ao desenvolvimento.
• As próprias noções de segurança e liberdade têm como ponto de partida a propriedade privada: deve-se garantir a segurança do indivíduo em relação a quê, senão ao que ele possui? A sua liberdade refere-se a quê, senão a ser o que quiser e a ter o que quiser? O conceito de igualdade não pressupõe a posse de algo (todos devem ter o direito de possuir as mesmas coisas)?
• As tentativas históricas de se estabelecerem regimes “igualitários” (comunistas ou socialistas) fracassaram. Observem-se a euforia dos alemães orientais diante das vitrines na Berlim ocidental ou as tentativas de fuga de atletas e artistas cubanos que se apresentam em países capitalistas.

Alguns argumentos favoráveis às críticas de Proudhon:
• O direito à propriedade privada tem sido utilizado como justificativa para a manutenção de desigualdades injustificáveis (como a concentração de riquezas e de terras).
• Vivemos numa civilização que estimula o individualismo e o consumismo (a vontade de ter cada vez mais), em detrimento das ações coletivas e da solidariedade.
• A propriedade que, assim como o dinheiro, parece ser “natural” não passa de uma instituição social, ou seja, de uma convenção coletiva que pode ser mudada.
• A propriedade privada dos meios de produção impõe aos que não a têm a submissão aos possuidores. E esta é a base das classes sociais e da exploração do trabalho.
• A propriedade privada impede a igualdade nas relações políticas de poder. Evidentemente, o tema não está esgotado e voltará e ser discutido em outras aulas.

Correções

Caríssimos,
as correções já estão disponíveis em postagens antigas. Vale pena verificar.
Até mais.
Paulo